Escrevendo com o FIG
- Clemente Junio

- 8 de jul.
- 4 min de leitura

Por Redação com Felps
“E enquanto não cobria o papel com suas letras nervosas, enquanto não sentia que elas eram o seu prolongamento, não cessava, esgotando-se até o fim.” É assim que Clarice Lispector descreve uma de suas personagens no conto “O delírio”. É assim, também, que a escrita pode ser: um transbordar de vivências, sentimentos e conhecimentos para o papel. Mesmo para processos seletivos, como o Enem e o SSA, a escrita pode ser algo prazeroso, desde que o escritor não faça dela algo distante de si.
Escrever é revisitar-se, é encontrar repertórios, argumentos e sentimentos e colocar no papel de forma que suas conexões neuronais possam ser lidas e interpretadas por outra pessoa. Pois é, a tarefa de escrever é mais do que desenhar códigos, palavras e frases. Escrever é sentir é colocar para fora, através da tinta preta da caneta, algo que está nas suas sinapses. Escrever é materializar o que se pensa e expressar o que se sente, por isso mesmo, não é uma tarefa fácil, mas possível.
Falando de sentimentos, que lugar melhor para vivê-los que Garanhuns em período de FIG? Aqui, o tempo frio e chuvoso de julho, atrelado à cultura exalada em cada esquina, torna Garanhuns um grande palco: eclético, plural, diverso e potente para sentir, viver, aprender, ensinar e, por incrível que pareça, melhorar a escrita. Pois é, o FIG pode sim ser uma ferramenta de incremento para sua redação e, diferente d que você deve estar pensando, não precisa ser uma tarefa monótona e chata.
O Festival de Inverno de Garanhuns pode se tornar uma grande sala de aula: aberta, ampla, diversa, e você pode usar seus gostos, preferências, opiniões e curtir enquanto aprende muito sobre redação.
Você já imaginou como é rica a possibilidade de viver semanas em uma cidade que transforma seus parques em exposições, suas praças em palcos, suas ruas em cortejos e sua vida em um grande espetáculo?
É exatamente isso que o FIG oferece. Um encontro de culturas, entre o popular maracatu e um show de um artista de massas na praça principal, entre a barraca de um artesão local e uma arte contemporânea exposta numa galeria, entre o cortejo do Boi da Macuca e uma pirueta circense, entre uma comida com história e um livro com sabor, vamos vivendo o poder que a cultura tem de transformar a sociedade, de representá-la, de denunciar e de entreter. Nesse sentido, essa explosão de sentimentos e experiências é justamente o que você precisa viver para ampliar seu arcabouço e projetar na redação, tal qual a personagem de Clarice, um prolongamento da sua vivência.
Mas você deve estar se perguntando: “Como assim, viver o FIG vai me ajudar a escrever?”. De muitas formas, mas duas são bem evidentes. A primeira diz respeito à questão de ampliação do repertório sociocultural (aquele que o escritor teme não ter na hora das provas oficiais). Mas calma! Lembre-se que uma tela, uma música, um livro, um filme, uma fotografia ou um fato histórico podem ser repertórios e imagina só como vai ser mais fácil gravar um repertório que te marcou? Sabe aquela peça de teatro que discutiu um tema importante e te fez chorar? Que tal usá-la na redação?
Aquela música que você tanto gosta, mas que ouvida ao vivo, em meio aos seus amigos, pareceu nova e te fez refletir sobre tanta coisa pode virar uma excelente introdução. Falando em novo, quanta coisa que você desconhecia pode se materializar no FIG? Muitas. E cada uma delas a seu modo pode ganhar uma forma e ir parar nas linhas da tua redação, o melhor de tudo, dentro da sua rotina sem atrapalhar a programação.
Todavia, o FIG é mais que repertório e pode lhe ajudar imensamente em uma das tarefas mais difíceis da redação: defender os argumentos e o ponto de vista sem deixar lacunas. Como isso é possível? Lembre-se de que a cultura é uma potente ferramenta de crítica social e muitos dos artistas que aqui pisarão ao longo dessas semanas utilizam de sua arte como forma de expressão de pensamentos e você pode fazer o mesmo e o próprio festival vai te ajudar nisso, pois teremos muitos debates ocorrendo nos polos.
Quer ter uma ideia da magnitude da programação? Baixa o App do Guia do FIG e explore todos os polos. Você vai encontrar discussão sobre tradição atrelada à comida gostosa, leitura com debate sobre temáticas importantes, fotografia mostrando a força e as violações da periferia e o melhor de tudo: se você for acompanhado com familiares ou amigos, com certeza, terá inúmeros debates que enriquecerão seu senso crítico e sua habilidade argumentativa. Aquela conversa saindo de uma peça de teatro pode virar um argumento e te ajudar a compor uma produção autoral e rica.
Uma dica importante: faça seu diário do FIG, pode ser anotando palavras e possíveis temas de redação presentes nas atividades que você participar ou mesmo um álbum de fotos na galeria do seu celular. O importante mesmo é não esquecer que repertório e senso crítico a gente constrói dia após dia e o FIG vai te dar uma boa quantidade de dias intensos para exercitar essas habilidades, além de relaxar, descansar e viver. Desse modo, escolha seus looks (sei que vocês amam tirar os casaquinhos do armário), use sua capa ou banhe-se na chuva, marque com os amigos e viva o FIG e suas emoções e tal qual outra personagem de Clarice que com “a ideia de que estava sendo feliz se enchia tanto que eu precisava fazer alguma coisa”. Talvez essa coisa seja tornar o FIG parte de suas escritas.







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