Pedro Henrique Teixeira
Outro dia uma enquete desavisada perguntava qual era a melhor festa, o FIG ou o Natal Luz. Talvez por efeito de nostalgia infantil ou por ofuscamento em função dos pisca-piscas, a população se via dividida nessa contenda festiva.
Ora, essa enquete não tem sentido, não há sentido em comparar festas, cada qual sabe “a dor e a delícia de ser o que é”. São épocas diferentes, climas diferentes, subjetividades diferentes, então, qual o sentido dessa enquete?
Cada festa tem seu significado e deve ser valorizada como tal, e quanto mais a população se informa sobre o sentido das coisas mais ela conhece e, consequentemente, mais ela aproveita aquilo que o FIG tem para oferecer.
E se me fosse perguntado qual a serventia dessa festa, o que eu diria?
Eu recorreria a mais pura filosofia alemã para responder essa questão. E vou logo para o fim da resposta, serei direto, reto, sem meias palavras. O FIG serve para o cultivo do espírito. Simples assim.
Mas, ao contrário do espírito natalino (mercadológico) ou cristão da festa de dezembro, o espírito cultivado no FIG é aquilo que os pensadores alemães chamavam de kultur, ou nosso espírito cultural, nossa visão de mundo, nossa sensibilidade para as manifestações artísticas.
Cultivar-se, eis a lei do FIG!
FIG é educar-se a si mesmo quando você vai (única oportunidade do ano) ao teatro.
FIG é autoformação quando você está passeando e para, interessado numa palestra literária na praça da palavra.
FIG é como pensado na educação alemã, uma boa disposição do coração e do bom gosto para adquirir cultura, educação, sensibilidade.
FIG é bildung, eu volto a falar em outro escrito sobre isso!
Herder, Kant, Goeth, Bolle, Nietzsche, Schiller, adorariam ir juntos ao centro cultural, à praça da palavra e, depois de tudo, curtir um show na praça para finalizar o dia de cultivo do espirito.
Nietzsche adoraria ver a igreja como palco da música, afinal, “Sem música a vida seria um erro”.
É para isso que serve o FIG, para nos cultivar, para aprendermos a apreciar cultura e para não aprendermos a não comparar elementos incomparáveis.
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