Este ano o Festival traz nomes como Alessandra Maestrini, Matheus Nachtergaele, peças do Sérgio Blank e diversos espetáculos produzidos no Estado
Durante os 10 dias do Festival de Inverno de Garanhuns, uma das linguagens artísticas que atrai um público bastante cativo é o teatro. Este ano, Participam da programação diversos espetáculos e nomes premiados do teatro brasileiro, como a atriz Alessandra Maestrini no recital “O Som e a Sílaba”, com texto do consagrado diretor Miguel Falabella, no Teatro Luís Souto Dourado – local que recebe duas peças por dia a partir da sexta (19).
Haverá também a quarta edição da Mostra Alternativa de Teatro do FIG, com peças que dialogam com várias experimentações teatrais. Outros destaques são as duas montagens premiadas e escritas pelo poeta Sergio Blank: “A Ira de Narciso” e “Tebas Land”, este último trazendo no elenco o ator Robson Torinni, nascido em Garanhuns. Há ainda uma sessão do premiado “Processo de Conscerto do Desejo”, criado pelo ator Matheus Nachtergaele, em 2015, e que já contou com mais de 160 apresentações pelo Brasil. A apresentação será na segunda-feira (22), às 18h, no Teatro Luís Souto Dourado.
“Eu sempre acho que os festivais de cultura, em geral, são importantíssimos. Todo evento que consegue fazer com que o público acesse a liberdade, é louvável. Acho que os artistas do Brasil se responsabilizam pelas coisas mais bonitas que o país tem, e a gente vai continuar na resistência sabendo que é na arte que acontece o livre pensamento”, opina Matheus Nachtergaele, que revelou ter o sonho de participar do FIG. “Agora chegou a hora”, brinca o ator que colaborou com muitos dos grandes diretores pernambucanos da atualidade, como Guel Arraes, Cláudio Assis, Lírio Ferreira e Jura Capela.
Depois de ter passado mais de uma década sem fazer teatro – concentrado no cinema e na televisão – Matheus Nachtergaele produziu, em 2015, a partir de poemas da mãe que estavam guardados, o “Processo de Conscerto do Desejo”. “Recebi do meu pai uma pasta com esses poemas quando tinha 16 anos, no mesmo dia que ele me contou sobre a causa da morte da minha mãe. Falo todos os 30 poemas, e canto umas quatro ou cinco canções que ela gostava, algumas delas do João Gilberto. Acho que vai ser uma emoção especial cantá-las dessa vez”, explica Matheus, lembrando da recente morte do criador da Bossa Nova.
Pelo quarto ano consecutivo, o FIG recebe a Mostra Alternativa de Teatro, que receberá espetáculos como o “É aquilo que nunca deixou de ser”, do Teatro Experimental de Arte (TEA), Patrimônio Vivo de Pernambuco. Essa montagem foi gerada durante a participação do ator Fabio Pascoal na oficina de iniciação ao Teatro de Objetos, ministrada pela atriz Agnéz Limbos (Bélgica), dentro da programação do Festival Internacional de Teatro de Objetos, realizado no ano de 2013, no Recife.
Livremente inspirado na obra do poeta e ceramista Mestre Galdino (in memoriam), o espetáculo, produzido com incentivo do Funcultura, busca a composição de um território de resistência a partir do universo imaginário do artista. “A história de Galdino me inquietava. Não no sentido biográfico, mas o pensando dele. A ideia com a arte da criação, e não a reprodução da realidade. O espetáculo vem nesse lugar do espaço de experimentação de linguagem, do teatro de objeto”, revela Fábio Pascoal.
Outras peças que participam da Mostra Alternativa de Teatro são “Desmontagem Evocando Os Mortos”, com Tania Farias (POA); “Exercício de Incerteza”, uma investigação de Ana Carolina Marinho e Cristiano Burlan na intersecção entre o cinema e o teatro; e “Birita Procura-se”, espetáculo protagonizado por Ariadne Antico (SP), uma atriz com deficiência auditiva que buscou superar suas dificuldades através das artes cênicas.
Dois espetáculos premiados escritos pelo poeta Sergio Blank participam do Festival: “A Ira de Narciso” e “Tebas Land“. Esta última terá nos palcos Robson Torinni, ator de Garanhuns que foi estudar teatro no Rio de Janeiro e que volta pela primeira vez à sua terra natal como ator. Já Gilberto Gawronski, um dos atores do Brasil mais premiados da atualidade, atua na peça “A Ira de Narciso”.
Tebas Land é um dos espetáculos mais respeitados de 2018, e uma das obras mais premiadas na dramaturgia mundial contemporânea. Sergio Blanc, autor da obra, recebeu cinco indicações ao Prêmio Max na Espanha. A peça venceu os prêmios Shell de Melhor Ator (Otto Jr.) e Botequim Cultural de Melhor Espetáculo, Melhor Direção e Melhor Ator (Robson Torinni).
De Pernambuco, o Coletivo Grão Comum participa pela terceira vez do FIG com o “Pa(Ideia)” – que já foi apresentado em outra edição do Festival. Para Júnior Aguiar, um dos atores do coletivo, o FIG é um festival afetuoso, “e que move uma cena bonita de Pernambuco. É realmente motivador. A gente precisa que o mercado das artes cênicas se apoie e se incentive, dinamizando a cadeia produtiva no Estado”.
O espetáculo Pa(ideia) enaltece a obra e vida do patrono da educação no Brasil, que é Paulo Freire. “Um pernambucano que é, na história do país, de todas as pessoas que já existiram, a primeira que mais foi reconhecida, premiada e aclamada no mundo pela sabedoria que tinha”, explica Junior Aguiar, que entra em cena ao lado do ator Daniel Barros.
Confira a programação completa do Festival de Inverno de Garanhuns no aplicativo App Guia do FIG.
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